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Projeto Sra Carson

Historia muito Interessante

A história do menino Carson

 
O ano era de 1961 e eu estava na 5ª série. Minhas notas eram péssimas, mas eu não tinha consciência suficiente para me importar com isso.

 
Papai já tinha morrido havia muito tempo. Meu irmão mais velho, Curtis, e eu morávamos com mamãe numa casa de cômodos encardidos em Detroit.

 
Nossa casa era apertada e com poucos móveis, mas era limpa e não faltava comida na mesa. Naquela ignorância em que as crianças se isolam, tínhamos uma ideia muito vaga das dificuldades que nossa mãe enfrentava para manter tudo em ordem, trabalhando como doméstica em três empregos.

 
Nosso mundo resumia-se em ir à escola, jogar futebol ou basquete, voltar para casa ao escurecer e assistir a televisão.

 
Nem precisávamos do guia de programação da TV. Meu irmão e eu sabíamos sempre o que estava passando em todos os canais.

 
Um dia, porém, mamãe mudou nossa vida para sempre. Desligou o aparelho de TV. Minhas notas ruins na escola foram o motivo.


Nossa mãe, Sonya Carson, só tinha estudado até a 3ª série, mas era muito mais inteligente e esperta do que nós garotos sabíamos na época. Ela havia notado algo nas casas onde fazia faxina: livros. Então um dia chegou á nossa casa, desligou a televisão e nos explicou que seus filhos seriam alguém na vida.


"Vocês vão ler dois livros por semana", avisou. "E vão me escrever um relatório sobre o que leram'.

 

Nós resmungamos e reclamamos que isso era uma injustiça, que todas as outras crianças viam televisão.


Como as queixas não tiveram resultados, achamos que em poucos dias ela esqueceria o assunto. Além do mais, não tínhamos livros em casa, a não ser sua Bíblia. Mas mamãe explicou que iríamos até os livros: "Vou levar vocês até a biblioteca".


E assim lá foram aqueles dois meninos desconsolados e azedos, seguindo a mãe, conhecer a biblioteca pública de Detroit . Dei uma volta relutante pela seção de livros infantis. Eu adorava animais e, ao ver alguns volumes que parecia falar sobre eles, comecei a folheá-los.


Nenhum programa de televisão jamais me levara tão longe do ambiente em que eu vivia como essa visita verbal a um riacho frio numa floresta, onde esses animais construíam suas casas.

 
As imagens se formaram em minha mente, e não diante dos meus olhos. Não só eu gostava de ler, como era capaz de absorver mais informações e mais rápido por meio das palavras impressas do que de sons ou imagens. Passei dos animais às plantas.

 
Perambulava pelos trilhos do trem, enchia uma caixa com pedras, carregava-as para casa e tentava identificá-las com a ajuda de um livro de geologia.

 

No caminho aconteceu algo engraçado: comecei a ganhar conhecimento. Os professores também perceberam isso.

 

Cheguei a um ponto em que mal podia esperar a hora de voltar para casa e ler os meus livros.

 
Só anos mais tarde é que percebemos que nossa mãe era analfabeta e não podia ler nem aqueles curtos relatórios que escrevíamos sobre os livros todas as semanas. Entretanto, no fim, ela não só aprendeu a ler, como continuou estudando até conseguir o diploma do curso básico.

 
Hoje Curtis é engenheiro e eu sou chefe do departamento de neurocirurgia pediátrica do Centro Infantil do Hospital Johns Hopkins, em Baltimore. Às vezes, ainda não acredito no rumo que minha vida tomou: de aluno fraco e indiferente numa escola pública de Detroit a bolsista da Universidade de Yale, aluno da Escola de Medicina da Universidade do Michigan e, finalmente, esta posição que me transporta pelo mundo inteiro, ensinando e realizando cirurgia delicadas.

 

Mas sei quando essa viagem começou: no dia em que mamãe desligou o aparelho de televisão e nos levou até a biblioteca.

 
Srs pais, os leitores estão desaparecendo e ninguém faz nada. Morte lenta, agonia.

 
Mas é possível, ao menos, insistir: livros libertam, alimentam, constroem e educam.

 
São insubstituíveis, perenes, valiosos. Saber abri-los é escancarar as portas do conhecimento, desbravar caminhos na escuridão. Ler é enxergar com a mente.

 
Quem não sabe disso está ficando cego e nem percebe.

 

São tristes demais as trevas da ignorância. 

 
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